Meus Pensamentos

Procuro neste texto esclarecer o que entendo da vida, da morte, e dos meus próprios pensamentos,  vendo a vida no passado, no presente e no futuro.  

 

Este texto abaixo é parte de um livro de minha autoria.

 

Semi-oculto  

 

 

        Ao amanhecer na necrópole, nas barras de um dia chuvoso de sol foi onde eu me encontrei, percebi que o meu epitáfio já tinha sido inaugurado há muito tempo, me aproximei para ler e vi que estava escrito com letras de ouro, teria sido a única vez que eu mereci  um presente tão nobre?

        Minha vida foi escrita por mim, e muitos falam que esse meu passado pode ser apócrifo. Tolerante e seguro ergo a minha cabeça, e vejo a planta aguada com o choro do meu sangue dando frutos que caem e ferem minha psicossomatização benigna. Após as pedras de mármore em minha volta eu sou nobre e lembrado, e meus pertences têm valores inestimáveis, e vi que assim como as pedras podem amolecer, ainda mais, um coração de cera. No entanto, o choro de ontem não vale para a dor de hoje, isso é irremissível para uns e remissível para mim. Todos estão contando o que acham que sobrou da minha história, e eu ainda estou pendurado no tempo segurando-me em um galho de pensamento.

        Da minha atual moradia vêem minha antiga morada rodeada de parentes e amigos segurando belas máscaras invisíveis, e não vejo para quem eu perguntaria por que esse choro? Economizaram tudo para agora, e agora não podem mais usar as próprias economias. Peço que me avisem quando puderem dar-me o que é meu, hoje eu tenho tempo de sobra para esperar, enquanto isso fico taciturno em meu batente de lazurita, que ganhei quando eu tinha vizinho.

        A cada batida de asas para o alto todos ficam cada vez mais parecidos uns com os outros, e agora já não vejo mais a cor nem as marcas das tristezas, agora sou da altura de todos mas, nem todos são da minha altura. Agora me lembro que no fim de tudo o que restou foi um assustador eco de ovações, e observo tudo do mesmo batente precioso.

Somos nós quem determinamos o que é valioso e o que não é valioso para nós. Diariamente, temos em nossa vida momentos de um valor inestimável, momentos estes que são, por exemplo: o calor e o brilho do sol, ver o claro da lua e a luz das estrelas, o sorriso de um filho ou de uma pessoa que nos ama, a atenção de um amigo um parente, sentir, ouvir, ver, correr e falar, são momentos que nem sempre damos credibilidade. Existem milhões de coisas a nossa volta que nós não damos o real valor enquanto não perdemos a condição de possuí-los. Tenho certeza que se pudéssemos escolher entre um quilo de ouro no túmulo ou um anel de 30 gramas em nosso dedo, preferiríamos o anel. Do mesmo modo, mais vale um abraço sincero de um amigo hoje, que cem amigos chorando em meu sepultamento.       

 De segundo em segundo, a chama da vela fica cada vez menor e menos intensa, e o tempo não pára para nós, nós é que paramos para o tempo. Viver não é sobreviver, viver não consiste apenas em acordar, ir para o trabalho, e quando chegar à noite achar que é o fim do dia.

 Valorizar as pessoas, independentemente, de sua classe social, valorizar as amizades e a família, valorizar a cultura, são fatores indispensáveis à vida, pois já dizem As Escrituras Sagradas, o fim está próximo. A vida é um desafio constante em forma de aventura, e viver é uma arte.